quinta-feira, 24 de março de 2011

Há espaço para profissionais superqualificados nas empresas brasileiras?

O aumento do número de faculdades e cursos de qualificação no Brasil criou um cenário onde ter graduação e ser competente não é mais suficiente para o mercado. A fim de resolver esse problema, muitos profissionais partem em busca de especializações, MBAs, mestrados, aperfeiçoamentos, cursos no exterior e geram um fenômeno conhecido como os superqualificados.

Mas o mercado brasileiro ainda não tem condição de absorver essa mão de obra excelente, segmentada e mais cara. Não há espaço para todos esses profissionais em um país pouco desenvolvido como o nosso, o que gera um grande dilema: continuar os estudos e se aperfeiçoar ainda mais a fim de conseguir reconhecimento e contratação com salários e benefícios condizentes com seu nível de experiência e escolaridade ou aceitar trabalhar por salários e em funções inferiores ao merecido para não ficarem fora do mercado de trabalho por muito tempo?

As duas opções são válidas. A primeira demonstra a vontade de o profissional se destacar mais ainda dos demais e se tornar único, indispensável e disputado pelas empresas. Mas traz o perigo de o mesmo se tornar um expert apenas teórico, sem vivência do dia-a-dia e das dificuldades práticas do trabalho.

A segunda opção, por subestimar suas capacidades, pode desestimular o profissional. Ou fazer o contrário: torná-lo mais motivado a mostrar na prática todo o seu potencial e os benefícios que sua educação agrega para a organização. Dessa forma, ele pode conseguir não só uma promoção com aumento de salário, mas um subsídio da empresa para continuar seus estudos, oque seria uma ótima estratégia para ambos.

Posição das empresas

Não é qualquer empresa que contrata esses profissionais superqualificados para o se quadro de funcionários. Somente aquelas que têm visão estratégica é que o fazem. Alguns recrutadores sentem insegurança em aceitar tais pessoas, pois temem que elas mudem de emprego assim que surgir uma oportunidade melhor no mercado. Às vezes, diretores responsáveis pela contratação se sentem ameaçados por esse profissional e temem até pela sua própia posição dentro da empresa por entender que o candidato é melhor qualificado do que ele.

Isso acontece muito e acarreta enormes prejuízos intelectuais e financeiros para a empresa que perde a oportuinidade de ter um profissional de ponta que contribuiria para a evolução e crescimento da mesma no mercado, além de servir como estímulo e ensinar aos demais funcionários, gerando motivação ao crescimento profissional e individual dos colegas de trabalho.

9 comentários:

  1. Christina, espaço para superqualificados existe em qualquer lugar do mundo!

    A questão que está na cabeça de TODOS que já receberam esse adjetivo dos R&S é qual o motivo para não se contratar os adjetivados.

    Eu que já recebi esse rótulo dentro em processos de seleção tenho a teoria de que os superqualificados são tidos como aqueles que desarmonizarão a estrutura organizacional. Quem trabalha bem, direito, com proatividade demasiada a ponto de dar margem ao questionamento: para quê é necessário essa equipe enorme se eu tiver 3 iguais a aquele (o super)? Quiça a gerência ficará ameaçada pois, afinal, como a gestão pode ser praticada com tantos subqualificados? Como o RH colocou dentro da empresa tantos subqualificados?

    Ou seja, em uma cadeia, o superqualificado explicita os problemas que eram transparentes até que sua entrada na empresa. Estariam as empresas preparadas para isso?

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  2. Jussara, você tocou no ponto exato da questão. As empresas não enxergam as vantagens que esse profissional agrega à equipe, mas sim a inveja, ciúme e rebuliço que sua entrada causará na empresa. Atraso total de visão gerencial. Mas pensando pelo outro lado, uma empresa como essa - que tem gerentes e demais líderes tão obsoletos - não tem cacife para possuir um profissional desse nível.

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  3. A melhor política é realmente colocar o trabalhador para praticar.

    Treinar, treinar, aferir, corrigir, melhorar...

    O problema de pessoas superqualificadas, são os problemas que já vem prontos, junto com elas.

    São posturas inadequadas, pontos de vista equivocados e comportamento incompatível.

    Dá pra consertar, mas é trabalhoso.

    O bom de pegar alguém que tem formação básica e por para trabalhar, é que você vai formar ou criar alguém com a cultura e o jeito de pensar de sua empresa arraigado no DNA, já que não existem "contaminantes" anteriores, que possam causar rejeição.

    Paz e Bem!

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  4. É Sandro, aí a empresa não evolui! Cultura organizacional é vital, mas precisa aprimorar com o tempo. E trazer pessoas com outras experiências, ideias, práticas para a sua empresa estimula o raciocínio, o crescimento, a evolução. Não podemos nos trancar em nossas gerencias achando que somos o máximo e que ninguém é capaz de nos superar ou que não precisamos de outras opiniões. Diversidade gera desconforto no começo, mas traz muito mais vantagens do que dor de cabeça.

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  5. Que pena que a maioria das empresas não tem a visão que você descreveu em seu post Chris!

    Hoje, as pessoas adquiriram o mal hábito, nos mais variados campos da raça humana de perseguir o "mais".

    O mais fácil, o mais rápido, o mais curto, o mais barato, o mais isso o mais aquilo.

    O comentário que fiz anteriormente era específico para o título desta discussão, porque é o que a maioria das empresas pensa sobre pessoas que já tem muita experiência e muita qualificação profissional.

    Mas o seu raciocínio está certo, embora seja diametralmente oposto ao sentido que vejo para a pergunta do título.

    Existe espaço para estes profissionais nas empresas que tem uma visão, uma linha de pensamento e de ação iguais as que você descreveu aqui em cima.

    Nas demais organizações?

    Acredito que não!

    Bom final de semana!

    Paz e Bem!

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  6. Será que a rota, o caminho, deste "superqualificado" é permanecer nas organizações atuais? ou o seu trabalho, daqui por diante tem início, meio e fim?

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  7. Eu acredito já ter sido cotado como "super qualificado" para uma vaga. Nesse caso a questão não era eu, mas sim eu NAQUELE lugar. Meses depois, a mesma empresa me contatou para uma outra oportunidade (que não aceitei).
    Depois dessa experiência posso dizer que as empresas, representadas pela área de RH durante um recrutamento, avaliam também a rotatividade daquela vaga. Alguém muito bom encontrará facilmente outra empresa para trabalhar, caso não se sinta motivado (o que acontece quando fazemos tarefas que não são desafiadoras) . Então o custo de um novo processo de recrutamento (tempo, dinheiro, descontinuidade do trabalho, etc) entram em jogo nessa hora.
    Numa empresa devem existir lugares em cada setor par pessoas pensadoras e aqueles "carregadores de piano". A riqueza de uma equipe está na interação entre o líder, formador de opinião e motivado, com aqueles que possuem soluções brilhantes à cada novo desafio e aqueles que não sabem construir soluções mirabolantes mas são ótimos em documentação e em fazer aquele trabalho "chato" que certamente o "super qualificado" não quer fazer.
    A chave para o sucesso e a realização profissional (no meu modo de ver as coisas) está em se encontrar nessa cadeia. Eu ainda não me encontrei pois só estarei satisfeito quando realizar os meus sonhos.

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  8. Quem faz o que ama, com quem gosta, onde aprecia e na hora que deseja não "trabalhará" um dia sequer na vida.

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  9. Luiz Affonso, estou totalmente de acordo!

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