segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Aparência importa?

O que fazer quando, apesar de suas boas qualificações, a aparência conta pontos negativos e dificulta sua inserção no mercado de trabalho na sua área de atuação.


Estamos cansados de saber que não se deve julgar o livro pela capa, certo? Mas não é bem assim que a vida real funciona na prática. Mesmo sendo proibido, o selecionador sempre irá julgar a aparência e a adequação do candidato ao cargo e empresa pretendidos. Isso é correto? Em alguns casos sim. Ético? Nem sempre.

Até que ponto o quesito aparência é importante para a empresa e para a sua contratação? Não estou falando de beleza pura e simplesmente, ou de piercings e tatuagens. Falo da aparência em si. Cabelos, unhas, roupas, aspecto pessoal (descansado, alegre, energético, deprimido, sorumbático), esse tipo de coisa. Então o que seria a aparência aceitável?

É fato que uma pessoa sem a aparência correta pode prejudicar uma empresa. Não ficaria bem ter o Marilyn Manson como atendente da emergência de um hospital, não acham? A imagem dele é, em si, chocante demais. Mas uma mulher estilo pin-up, com roupas dos anos 50, cabelos volumosos, tatuagens poderia ser contratada como aeromoça? Sim, porque não. Sua aparência não comprometeria a qualidade de seu trabalho.

Há limites e bases para um julgamento? Sim. Quais seriam? Isso é subjetivo, e é aí que mora o perigo. Saber qual é o limite e como agir diante de um candidato de aparência não convencional é complicado. Eu considero os seguintes pontos quanto à aparência: ele teria uma imagem ofensiva para a empresa e seus clientes? Causaria repulsa? Incomodaria ou espantaria os clientes? Isso respondido, tomo minha decisão.

Alijar, cercear, discriminar alguém porque ele não é do jeito que eu gostaria ou estou acostumada não é do meu feitio, e creio que isso seja preconceito. Mas convenhamos, ter uma aparência “original” pode prejudicar sim a pessoa, principalmente em algumas áreas de atuação (saúde, por exemplo).

Porém, não se pode descriminar uma candidata porque ela tem os cabelos cacheados e você prefere que as moças tenham cabelos lisos ou escovados, por exemplo. Isso seria uma tentativa de padronização da beleza, onde o aceitável é o convencional ou o seu ponto de vista, nada mais.

Isso não é preconceito? Creio que sim, mas a lei brasileira penaliza apenas a discriminação quanto à raça, credo, gênero e deficiência física (dentro dos limites do possível). Há também a proibição da exigência de “boa aparência” nos anúncios de empregos, mas isso não ajuda muito.

Então o que fazer? Perder sua personalidade e se padronizar ou manter sua peculiaridade e enfrentar as dificuldades a mais que a aparência pode trazer na busca de um emprego? Eu prefiro a segunda opção. Não por uma questão de coragem ou vocação para mártir, mas porque a padronização forçada é falsa e acaba violentando a pessoa que se submete a fingir ser de um jeito que ela não é.  Se sujeitar ou obrigar alguém a isso é cruel e antiético.

Contudo existem dicas de apresentação em uma entrevista de emprego úteis para todo tipo de gente, limpeza por exemplo. Esteja limpo! Banho tomado, desodorante em dia, dente escovado, hálito fresco, cabelo bem lavado, unhas bem cuidadas (inclusive homens) e usando roupas limpas. Não importa se você tem dread no cabelo, tatuagem na testa, 20 piercings pelo corpo e vá à entrevista de jeans e camiseta, esteja sempre limpinho.

Ânimo, bom humor, desenvoltura e sorriso no rosto. Não precisa ser o Bozo ou o Silvo Santos, mas seja simpático. Não atrase. Comunique-se com gentileza e assertividade. Talvez a sua aparência não agrade, mas se for o profissional de qualidade que eles estão procurando, você será considerado para o cargo. Então, boa sorte!


29 comentários:

  1. Com certeza que não, mas infelizmente ainda somos julgados assim, em alguns casos... Tomara que o mercado evolua, né?

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  2. Acho que a competência deve vir antes de qualquer coisa, mas entendo que em alguns (poucos) casos a aparência também deve contar pontos. Vejo que o nosso mercado hoje tem muito o que melhorar, mas já evoluiu bastante nos últimos 5 anos. Vamos continuar pressionando para que a evolução continue.

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  3. Muito bom o seu artigo, Christina. Também acredito que, mais do que a aparência em si, a atitude conta muito. Abraços.

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  4. Parabéns, Christina! Tenho o mesmo olhar sobre esta situação. Muito importante esse teu artigo... vou compartilhá-lo! Um abraço...

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  5. Daiana e Taíse, obrigada! Fico feliz que tenham gostado!
    Abraços

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  6. Costumo brincar de que o traje não faz o monge, mas o identifica. A aparência é tão importante que ninguém vai desarrumado(a) a um encontro de namoro.

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  7. Melhorar a aparência depende de hábitos diários, desde dietas saudáveis até uma peça de roupa. São poucas as coisas que acontecem do dia para noite e mudar a aparência não acontece assim, até porque a pessoa se sentira artificial. Então ir mudando os hábitos ajuda bastante na aparência...uma pele com mais brilho chama um vestuário melhor, mais cordial. Aparência também é saúde, além de mostrar que você esta bem consigo mesma.
    Acredito que cuidar mais de si mesma tenha como consequência uma melhor aparência...mais uma vez desde a saúde e estética até a roupa que veste.

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  8. Concordo com o Luiz e a Marisa, mas acho que o que a Christina quis dizer foi em relação a um processo de recrutamento.
    Acredito mesmo que para as atividades relacionadas ao atendimento ao público a aparencia é essencial ou como diria Vinícius: "Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental".

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  9. Eduarda, foi isso mesmo! No texto citei que algumas profissões realmente necessitam de pessoas que tenham uma aparência considerada normal e agradável, mas existem outros contextos e profissões em que a aparência da pessoa não deveria ser levada em consideração.
    Marisa e Luiz, também salientei a importância da boa apresentação e asseio no momento da entrevista, sem que com isso o candidato perca a individualidade de sua imagem. Será que um homem todo tatuado e com o cabelo colorido não pode ser executivo de uma empresa respeitada?

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  10. Bom, isso dependerá do tipo de carreira. Pois algumas têm como requisito uma boa aparência por necessidade de exposição do futuro profissional com o público. Um exemplo seria das mulheres num salão do autonóvel ou das modelos em desfiles de moda.

    Mas claro que, para a grande maioria das carreiras, o que realmente deveria importar é a experiência, a formação e a competência do candidato e não sua aparência. No caso de aparência, uma coisa que todas as pessoas devem ter em comum, na hora de buscarem uma vaga no mercado, ou de preservarem, quando já estiverem no mesmo, é a boa aparência, não no sentido de beleza, mas no sentido de asseio, no vestir e nos modos. Todos devem ter uma conduta padrão e adequada à política definida no ambiente de trabalho, pois isto é fundamental para quem valoriza seu profissionalismo e carreira.

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  11. Christina, a aparência é julgada às vezes de forma subjetiva. O que vc pode achar ser um problema, o outro pode achar que não e vice-e-versa. Procure conhecer o perfil da empresa em que pretende trabalhar. Muitas exigem um certo tipo de comportamento diferenciado, o que inclui vestimentas, maquiagem e outros detalhes (como cabelo, por exemplo. Descobrindo como a empresa atua, vc corre menos risco de errar.

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  12. Concordo, Henrique. A empresa tem que zelar pela sua imagem e pela ideia que pretende passar ao seu público também através do visual dos seus funcionários. Como eu disse no texto, não seria apropriado ter o Marilyn Manson como atendente da emergência de um hospital.

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  13. É importante lembrar que o que é boa aparência para mim pode não o ser para outros. Nem sempre o que está na moda gera uma boa aparência. O importante é a pessoa sentir-se bem e ter sempre escandarado no rosto um belo sorriso.
    Sorrir contagia e dá barilho nos olhos, que são o espelho da alma.

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  14. Concordo, Luiz! Nada como um sorriso à primeira vista.

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  15. Lindalva, o julgamento é subjetivo, mas existe uma formula padrão do que é aceito em cada empresa. Vale pesquisar para saber como se portar e vestir se quiser muito fazer parte de determinada empresa. Mas será que vale anular sua individualidade para isso? O exemplo que citei no texto [da moça que tem, gosta e usa seus cabelos cacheados, mas seu entrevistador torce o nariz porque ele prefere que na empresa tenha apenas moças com cabelos lisos ou escovados] demonstra claramente o perigo que corremos de padronizar a beleza e começar preconceitos.
    Na cabeça desse recrutador, cabelos cacheados são um sinal de desleixo, o que não é verdade. Errar num caso desses não é um erro em si, é apenas um não atendimento das expectativas estéticas pré-concebidas do recrutador.

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  16. Faça o seguinte: Sorria, como na foto do link http://colliseum.blogs.sapo.pt/16140.html (para descontrair), e com certeza, busque um lugar para trabalhar onde você seja respeitado pela qualidade do seu trabalho, e não por sua aparência (a não ser que o trabalho seja de garota ou garoto de programa, ou cabide de roupas - manequim). Talvez o item mais importante em uma contração seja o caráter, mas esse é mais difícil de avaliar que aparência física.

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  17. É isso mesmo, Amauri! Sorrir sempre ajuda. E também escolher o lugar certo para trabalhar. Não adianta querer entrar em uma empresa que tem uma cultura totalmente diversa da sua.

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  18. Christina tocou o dedo na ferida! Infelizmente a aparência é um critério de contratação sim, por mais que se negue no mercado. Em assessoria de imprensa é quase fator de corte pela noção equivocada que o assessor (principalmente A assessora) deve ter "boa aparëncia" para "agradar" o cliente !?

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  19. É João, e o que é boa aparência para um não é para o outro... o que complica muito as coisa. Não seria muito melhor se prestassem atenção na competência da pessoa primeiro? Salvo os casos em que um "padrão de normalidade estética" (que também é subjetivo) é exigido pela função (enfermeiras, modelos, vendedores, etc), a aparência não deveria contar pontos em uma entrevista. Mas deixo claro que estou falando da aparência física. Desleixo, falta de asseio e modos não devem mesmo ser perdoados.

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  20. Christina, concordo com suas colocações sim e acho que todos devemos trabalhar para romper estas barreiras. Uma certa época participei do meu primeiro recrutamento como chefe de setor e escolhi determinado candidato por seu curriculum e competências técnicas. No entanto, não estava sozinha na avaliação. Depois, me fizeram discretamente uma colocação sobre a "aparência" dele (ele estava com o cabelo preso, mas não era tão grande assim). Resolvi que iria contratá-lo da mesma forma, apesar do pessoal do RH torcer o nariz. Resultado: ele se mostrou um ótimo funcionário e muito talentoso. Detalhe: se apresentou p/ trabalhar de cabelo cortado. rsrsrs

    Gostaria de dizer ainda que a candidata da 'escovinha', com certeza tem um QI altíssimo!!! E já está dentro.

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  21. Lindalva, gostei da sua firmeza ao contratar o rapaz mesmo sabendo que alguns torceriam o nariz para a aparência dele. Eu também ajo assim e não me arrependi até hoje. Já essa história de QI, isso rende outro debate imenso! rs Mas sabemos que existe, não é mesmo? Ainda existe...

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  22. Amauri, concordo plenamente com você. O caráter é item mais importante para uma contratação. Abraço.

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  23. acho que nao devemos colocar a aparencia como um diferencial para contratação fazendo uma generalização das atividades desenvolvidas, o que pesa mais é um bom curriculo, e principalmente as experiencias, a aparencia deve ser apenas levado em conta, quando a função exercer participação juntao aos clientes externos, mas para funções internas, acho irrelevante

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  24. Concordo com a Lariane, há parâmetros né

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  25. Infelizmente, no mercado atual, mais do que nunca (eu creio), as aparencias importam e vao muito alem das consideracoes quanto a tatuagem, "piercings", asseio ou escolha de roupa adequada. A midia e muitas leis tentam mudar as atitudes dos empregadores quanto a isso, porem ha muito que acontece a nivel subconsciente e/ou eh dificil de provar, como no caso de preconceito ou discriminacao. Eu ja ouvi sobre pessoas bastante capacitadas e asseadas, bem vestidas e muito simpaticas serem discriminadas por terem cabelos brancos, estarem acima ou abaixo de uma certa idade, terem um certo peso ou cor de pele, serem mulheres, terem o cabelo trancado (que aqui nos Estados Unidos custa centenas de dolares para fazer e ajuda a controlar cabelos de pessoas de cor e ficam lindos, porem mesmo depois de empregada esta pessoa foi forcada a usar peruca para esconder as trancas), terem sotaque, etc. Bem como ouvi sobre empregadores que buscam exatamente os mais criativos e diferentes. As vezes eh apenas uma questao de escolher o mercado certo. O ruim eh quando nao ha escolha e vode deve se adaptar ou sofrer as consequencias...

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  26. Eu também acho a aparência irrelevante, mas, como bem nos lembrou a Sofia, no mercado atual as coisas não são bem assim...

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  27. Aparência conta sim, desleixo não esta com nada, quer ser estrela vestindo pantufa e ser contratada pelas notas da faculdade e currículo, mas não sabe se portar, andar alinhado(a) sem postura, sem educação, pessoas com cara fechada e de mal com a vida, até parece que vai render algo, xô depressão aparência conta sim, ninguém vai medir o nível de gostosura de ninguém, não é isso que é levado em conta, mas se duas pessoas tem cuidados básicos e p que será levado em conta é desempenho, agora querer escrachar e mudar a política da empresa tá pedindo para perder a vaga, mercado é assim ou tu te adapta ou abre teu próprio negócio e dite suas regras.

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  28. Concordo com vc, Daniel. Desleixo e cara fechada não ajudam ninguém. O que não pode existir é a exigência de uma "beleza padrão" (seja ela qual for) para trabalhar na empresa.
    Obrigada pelo comentário!

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  29. Toda pessoa gosta de se cuidar, manter a sua aparência física, a sua higiene pessoal e uma preocupação com o físico também, isso por que por incrível que pareça até uma parcela de profissionais obesos (as) já enfrentaram problemas para a contratação. A aparência sem dúvida é o cartão de visita de qualquer profissional, eu particularmente participo das entrevistas a caráter vestido com terno e gravata e usando um perfume adequado porque até ele pode influir. Por outro lado em algumas poucas empresas a aparência de alguns colaboradores da redação parece não ser levada em conta. Até o convite para a entrevista é motivo suficiente para os candidatos estarem alegres e não “sorumbáticos”. Alguns empregadores não gostam que seus funcionários tenham tatuagens, piercings e outros objetos. Algumas pessoas gostam das suas aparências originais, mas conforme as normas de una empresa contratante eles têm que repensar essa questão. Geralmente os profissionais acabam mantendo a sua peculiaridade para enfrentar as dificuldades a mais que a aparência trás na busca por um emprego. Portanto as dicas de apresentação para entrevista de trabalho da Christina Ferreira é o mínimo que os profissionais têm que seguir, elas são essenciais. Jornalista Afonso José.

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