O que fazer quando, apesar de suas boas qualificações, a aparência conta pontos negativos e dificulta sua inserção no mercado de trabalho na sua área de atuação.
Estamos cansados de saber que não se deve julgar o livro pela capa, certo? Mas não é bem assim que a vida real funciona na prática. Mesmo sendo proibido, o selecionador sempre irá julgar a aparência e a adequação do candidato ao cargo e empresa pretendidos. Isso é correto? Em alguns casos sim. Ético? Nem sempre.
Até que ponto o quesito aparência é importante para a empresa e para a sua contratação? Não estou falando de beleza pura e simplesmente, ou de piercings e tatuagens. Falo da aparência em si. Cabelos, unhas, roupas, aspecto pessoal (descansado, alegre, energético, deprimido, sorumbático), esse tipo de coisa. Então o que seria a aparência aceitável?
É fato que uma pessoa sem a aparência correta pode prejudicar uma empresa. Não ficaria bem ter o Marilyn Manson como atendente da emergência de um hospital, não acham? A imagem dele é, em si, chocante demais. Mas uma mulher estilo pin-up, com roupas dos anos 50, cabelos volumosos, tatuagens poderia ser contratada como aeromoça? Sim, porque não. Sua aparência não comprometeria a qualidade de seu trabalho.
Há limites e bases para um julgamento? Sim. Quais seriam? Isso é subjetivo, e é aí que mora o perigo. Saber qual é o limite e como agir diante de um candidato de aparência não convencional é complicado. Eu considero os seguintes pontos quanto à aparência: ele teria uma imagem ofensiva para a empresa e seus clientes? Causaria repulsa? Incomodaria ou espantaria os clientes? Isso respondido, tomo minha decisão.
Alijar, cercear, discriminar alguém porque ele não é do jeito que eu gostaria ou estou acostumada não é do meu feitio, e creio que isso seja preconceito. Mas convenhamos, ter uma aparência “original” pode prejudicar sim a pessoa, principalmente em algumas áreas de atuação (saúde, por exemplo).
Porém, não se pode descriminar uma candidata porque ela tem os cabelos cacheados e você prefere que as moças tenham cabelos lisos ou escovados, por exemplo. Isso seria uma tentativa de padronização da beleza, onde o aceitável é o convencional ou o seu ponto de vista, nada mais.
Isso não é preconceito? Creio que sim, mas a lei brasileira penaliza apenas a discriminação quanto à raça, credo, gênero e deficiência física (dentro dos limites do possível). Há também a proibição da exigência de “boa aparência” nos anúncios de empregos, mas isso não ajuda muito.
Então o que fazer? Perder sua personalidade e se padronizar ou manter sua peculiaridade e enfrentar as dificuldades a mais que a aparência pode trazer na busca de um emprego? Eu prefiro a segunda opção. Não por uma questão de coragem ou vocação para mártir, mas porque a padronização forçada é falsa e acaba violentando a pessoa que se submete a fingir ser de um jeito que ela não é. Se sujeitar ou obrigar alguém a isso é cruel e antiético.
Contudo existem dicas de apresentação em uma entrevista de emprego úteis para todo tipo de gente, limpeza por exemplo. Esteja limpo! Banho tomado, desodorante em dia, dente escovado, hálito fresco, cabelo bem lavado, unhas bem cuidadas (inclusive homens) e usando roupas limpas. Não importa se você tem dread no cabelo, tatuagem na testa, 20 piercings pelo corpo e vá à entrevista de jeans e camiseta, esteja sempre limpinho.
Ânimo, bom humor, desenvoltura e sorriso no rosto. Não precisa ser o Bozo ou o Silvo Santos, mas seja simpático. Não atrase. Comunique-se com gentileza e assertividade. Talvez a sua aparência não agrade, mas se for o profissional de qualidade que eles estão procurando, você será considerado para o cargo. Então, boa sorte!