Não é de hoje que escuto recrutadores, empresários e até alunos falando que jamais estudariam ou contratariam pessoas que se formassem em certas faculdades. Alguns chegam ao cúmulo de querer apenas estudantes de uma ou duas instituições consideradas de grife e discriminarem todo o resto na hora de selecionarem estagiários e funcionários. Mas até que ponto cursar uma faculdade famosa faz diferença na sua formação? Renome e tradição são garantias de qualidade de ensino e inovação?
Verdade seja dita, existe muita faculdade picareta por aí. Aquelas casca de banana: escorregou na porta já passou no vestibular. Isso quando tem vestibular! Mas nem por isso os currículos de estudantes e graduados egressos de instituições relativamente novas devem ser discriminados e ignorados em seleções para oportunidades profissionais (testes e entrevistas existem justamente para escolher os melhores candidatos, não é mesmo?). Nome somente não determina a qualidade de uma instituição. Algumas universidades de grande tradição e prestígio estão deixando a desejar enquanto novas faculdades estão fazendo um ótimo trabalho educacional.
Universidades famosas podem ser tanto públicas, federais em geral, quanto particulares. Mas é importante destacar que nem sempre essa grife condiz com a boa qualidade de TODOS os cursos oferecidos por elas. Dependendo do curso não há vantagem nenhuma em se estudar lá. (Não vou abordar aqui a dificuldade de ser aprovado em provas e vestibulares porque acho que isso não existe. Quer passar? Estuda. Há diversas maneiras de se preparar gratuitamente para essas seleções, estudando o programa das provas em bibliotecas públicas e participando de grupos de estudo on e off line, por exemplo.)
Reputação é construída, mas pode ser simulada. Tradição é bom, mas o novo também é, e pode surpreender. Então, como decidir onde estudar? Não é pelo valor da mensalidade nem pela dificuldade do vestibular. O que deve ser avaliado é a qualidade dos professores, da grade de disciplinas, do ensino, do campus e das práticas de iniciação científica. Às vezes, a universidade pode ser ótima, mas o programa de estudo não atende às suas expectativas e necessidades profissionais (o seu curso é mais teórico em uma, e você prefere uma faculdade que estimule mais a prática ou a pesquisa nesse mesmo curso).
Não acredite em propagandas, mais vale a opinião que os próprios alunos do lugar compartilham nos seus perfis no Twitter, Facebook e afins. Visite aquelas que mais te interessaram, agende uma conversa com o coordenador(a) do seu curso. Pesquise a reputação on-line das instituições em canais de reclamação e até na justiça. Converse com amigos e parentes sobre suas possíveis escolhas. Analise e compare as notas das universidades em avaliações nacionais e internacionais. Descubra qual é a posição das concorrentes no mundo. As faculdades que você está buscando investem em inovação, pesquisas e desenvolvimento? Contribuem para melhorar o mundo?
Com essas respostas em mãos você já terá um parâmetro para avaliar qual(is) será(ão) sua(s) eleita(s), independente de fama. Qual é a que melhor te atende em quesitos de ensino, trabalho e cultura. Terá também argumentos para debater com recrutadores, caso se decida por uma universidade ainda sem grife, e comprovar a sua qualidade e da instituição que escolheu para estudar. Isso conta muitos pontos em qualquer entrevista.
Não seja seduzido apenas pela fama, busque qualidade e diferencial. Destaque-se da maioria e opte por estudar onde você sabe que tem qualidade. Dessa forma, você ainda pode contribuir para a construção da grife dessa faculdade ao ser um ótimo aluno e divulgar para o todos o quão boa é a sua instituição.