É o que afirmam especialistas da área de recursos humanos e gestores de dez grandes empresas no Brasil consultados pela Folha.
"A geração Y é mais imediatista do que as demais, e as empresas ainda estão aprendendo a segurar os melhores", diz Rodrigo Vianna, diretor da consultoria Hays.
Diferentemente das gerações anteriores, salários altos não bastam para reter jovens como Sandra Mancini, 25, que trocou de emprego em janeiro deste ano.
Rodrigo Capote/Folhapress |
Sandra Mancini, analista da Natura, mudou de emprego em busca de mais desafios |
A analista de informação deixou o trabalho de três anos em uma das maiores consultorias de gestão no mundo e migrou para a Natura, de higiene pessoal.
"A consultoria é excelente, oferecia salários e bônus bastante agressivos e eu estava envolvida com projetos por lá. Mas optei por buscar novos desafios e ambiente estimulante de trabalho", conta.
Mais do que remuneração diferenciada, jovens como ela precisam de desafios para sentirem-se parte da corporação, avaliam consultores.
"Ainda existe uma estrutura muito hierarquizada na progressão da carreira dentro das corporações, e o jovem profissional percebe que pode demorar muito para evoluir para cargos mais altos", explica Thaís Blanco, consultora da Aon Hewitt.
Desafios e 'feedback' viram diferenciais
Mesmo em um mercado dinâmico como o de tecnologia da informação, em que a rotatividade é elevada, e com diversas propostas de emprego, o analista Claudio Thalisson, 24, vai completar três anos na Coelce, distribuidora de energia no Ceará.
"Existem opções fora, mas aqui posso desenvolver projetos importantes", diz ele, que preparou um sistema on-line para a organização de relatórios internos -área considerada, até então, um problema para a organização.
O programa criado por Thalisson é parte de uma iniciativa da Coelce para reter jovens. Chamada Bolsa InovAções, ela é semelhante a uma Bolsa de Valores.
Os funcionários avaliam as propostas e dão pontos para o seu desenvolvimento. As ideias com ações mais altas são premiadas com celulares, computadores e viagens.
O desafio para os profissionais também pode vir na forma de promoção, como o que ocorreu com Gustavo Mariotto, 23. Estudante de sistemas de informação, aplicou conhecimentos como supervisor de marketing digital na Viajanet e, em um ano, foi promovido a gerente.
"Já recusei propostas porque aqui tenho um projeto ambicioso para tocar."
Feedback
É por essa gana de crescer profissionalmente que benefícios como "mentoring", em que profissionais mais experientes dão "feedback" aos novatos, são muitas vezes melhor avaliados do que financiamento de carros e computadores e parcerias para pacotes de viagem.
O laboratório Sabin, que tem 56% dos funcionários da geração Y, oferece todas essas opções e, segundo Juliana Ribeiro, gerente de gestão de pessoas, um dos melhores mecanismos de retenção é o "feedback" intensivo.
"A geração Y quer também um bom líder como modelo", diz Thaís Blanco, da Aon Hewitt. Segundo ela, empresas e funcionários têm aprendido juntos como tornar uma estrutura rígida em algo mais atrativo para os jovens.
Até gigantes como a Petrobras, que tem 11.043 pessoas com até 30 anos em seu quadro de funcionários, buscam formas de reter profissionais da geração Y.
A empresa contratou consultoria para avaliar a satisfação profissional desse público e deverá utilizar os resultados na elaboração de políticas de recursos humanos.
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